segunda-feira, 19 de abril de 2010

Extinto direito de dizer

Num momento de desabafo saiu esta poesia... Não é endereçada pessoalmente a ninguém, mas tem hora que assim me sinto na casa da sabedoria... Quem tem ouvidos para entender, entenda...

Levanto a mão,
pronto e preparado,
as palavras, minhas armas,
carregadas e polidas.
Dá o start o mongol-mor
que com sua suave ignorância
fala e desfala
não reconhecendo meu sagrado direito
de livre expressão.
O braço continua alto,
última bandeira do livre pensar,
derradeiro herói dos opinionistas,
monumento destoante no mar da indiferença.
Mas o capitão do vácuo o ignora
como se ignora o pobre louco,
como ignorei o cão faminto de manhã
(não mais passará fome, meu amigo).
Minutos passam,
somando longa espera,
subtraindo-se à minha paciência,
o braço lá continua,
antes rosado e vivo,
agora pálido e morente,
baluarte esperançoso
do extinto direito de dizer.
Quando se esvai a paciência
as pernas se flexionam
e o corpo se levanta,
deixando no falastrão e espectadores
sua característica expressão
de estupidez.
A palavra sai com desdém
de minha garganta que queima
- Professor
Título indvido, porém obrigatório.
Com a força consegui meu espaço.
As idéias ordenadas
saem como balas de minha boca.
Poucos sobreviverão.
A luta continuará
para que a ignorância
nunca reine em paz!

terça-feira, 6 de abril de 2010

A PROVA CONCRETA DA EXISTÊNCIA DO AMOR

Sou grão de poeira

Que vai com o vento leviano

Para novos horizontes

Para velhos ambientes

Tocados por luzes reluzentes

Que ressaltam a fraqueza de seu ser.

Sou pedra dura de arenite

Que só o rio que transborda

Transporta para praias de longos litorais

Ou fundos d’água

Ou vales verdes.

Sou leve pássaro selvagem

Ave livre e solta às correntezas

Que se preocupa em deixar o ninho

Logo após crescerem as penas.

Sou o que deveria ser

Sempre querendo ser eu mesmo

Na indecisão de ser quem quero

Ou quem para vós deveria ser.

E você...

Você é orvalho luminoso na manhã

Quando o sol oblíquo te toca

E seu reflexo sorrateiro me alcança

Entre frestas de madeira recortada.

É cheiro doce de flores novas,

Dado por pétalas coloridas

Corolários da verdadeira natureza

Da essência da vida de uma raça inteira.

É o que quero ver ao acordar

Nas quentes ou frias manhãs

Que com suas manhas naturais

Me faz sentir seu,

Pois desse mundo sou,

E esse mundo é você.

É eterno descanso de minha inquieta alma

Primitivo impulso de minha benevolência

Vontade de minhas mãos que suaves te tocam

Quando me deixa tocar sua essência.

É o contínuo moto de mim mesmo

A tortura do querer te querer

Da junção de nós, almas,

Impossível nesse mundo de matéria.

E nós...

Nós somos somente o todo,

A completude alcançada,

O fim da eterna busca pelo outro,

O fim da eterna busca por mim mesmo,

O sentido da vida e da verdade,

A prova concreta da existência do amor.