È que me parece estranho
Estar o dia todo no banho
Sair somente para reclamar
Não ter vontade nem de pensar.
Talvez porque eu tenha essa vontade
De subir no morro quando escurece
Com trovejadas e relâmpagos
Segurando um bastão de aço
E receber a fúria da natureza
Em meu corpo fraco, frágil, mas sem tristezas
Esperando que o raio tire de mim
Aquela fraqueza, o “não to afim”.
O não to afim de fazer...
O não to afim de viver...
O não to afim que é sim
A cara desses nossos tempos...
É que simplesmente não entendo
Os jovens saudáveis desse mundo
Que se jogam fora como latas velhas
Amassadas, já aberta mas ainda cheias.
Talvez porque eu tenha essa vontade
De me jogar no mar de alta altitude
Só para sentir o frio do vento
Enquanto vejo a água vir ao meu encontro
Mergulhar sem dó no azul infinito
E nadar a esmo sem querer abrigo
De mãos dadas com peixes até Betim
Diluindo na água o meu “não to afim”.
O não to afim de fazer...
O não to afim de viver...
O não to afim que é sim
A cara desses nossos tempos...
Bem "A cara desses nossos tempos" maninho! É incrível como vc escreve e coloca todos os elementos sinestésicos junto às prosopoéias e todas as figuras possíveis sem deixar o texto piegas..!Ótimo mais uma vez!
ResponderExcluir=D