domingo, 31 de outubro de 2010

A cara dos nossos tempos

È que me parece estranho

Estar o dia todo no banho

Sair somente para reclamar

Não ter vontade nem de pensar.

Talvez porque eu tenha essa vontade

De subir no morro quando escurece

Com trovejadas e relâmpagos

Segurando um bastão de aço

E receber a fúria da natureza

Em meu corpo fraco, frágil, mas sem tristezas

Esperando que o raio tire de mim

Aquela fraqueza, o “não to afim”.

O não to afim de fazer...

O não to afim de viver...

O não to afim que é sim

A cara desses nossos tempos...

É que simplesmente não entendo

Os jovens saudáveis desse mundo

Que se jogam fora como latas velhas

Amassadas, já aberta mas ainda cheias.

Talvez porque eu tenha essa vontade

De me jogar no mar de alta altitude

Só para sentir o frio do vento

Enquanto vejo a água vir ao meu encontro

Mergulhar sem dó no azul infinito

E nadar a esmo sem querer abrigo

De mãos dadas com peixes até Betim

Diluindo na água o meu “não to afim”.

O não to afim de fazer...

O não to afim de viver...

O não to afim que é sim

A cara desses nossos tempos...

Um comentário:

  1. Bem "A cara desses nossos tempos" maninho! É incrível como vc escreve e coloca todos os elementos sinestésicos junto às prosopoéias e todas as figuras possíveis sem deixar o texto piegas..!Ótimo mais uma vez!
    =D

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